Esta é uma pergunta que provavelmente você já tenha feito em algum momento e ainda tem dúvidas. Ela é desafiadora até mesmo para muitos gestores financeiros e gera discussões intermináveis do mundo das finanças.
Mas, antes de entrar nessa discussão, quero abordar três conceitos que geram muita confusão na cabeça de muita gente: Lucro Líquido, NOPAT e EBITDA.
Lucro Líquido
O Lucro Líquido é uma medida contábil, na qual você pega a receita de vendas subtrai todos os custos e despesas, os juros e o imposto incidente sobre o resultado incorridos no exercício, segundo critérios de apropriação definidos pela contabilidade. Aquilo que te sobra é o lucro líquido.
Teoricamente, ele pertence ao acionista ou sócio e servirá de base para uma eventual distribuição de lucros/dividendos.
Para o cálculo do lucro líquido, dá para perceber que se considerou todas as despesas oriundas dos ativos (custo de produção, salários, encargos, etc.) e também todas as despesas oriundas do passivo, das dívidas, ou seja, as despesas com juros.
NOPAT
Por outro lado, o NOPAT - abreveatura em inglês para Lucro Operacional Líquido do Imposto de Renda - é o lucro exclusivamente dos ativos. É o resultado obtido das receitas subtraindo as despesas e custos somente dos ativos.
A diferença entre o NOPAT e o Lucro Líquido são, basicamente as despesas com juros de dívidas. É importante dizer tanto que o lucro líquido como o NOPAT são calculados pelo regime de competência e não de caixa.
EBITDA
Um dos indicadores que mais tem sido utilizados é o EBITDA abreviatura em inglês para Lucro Antes de Juros, Impostos e Depreciação. É um conceito de geração interna de caixa da empresa.
A geração de caixa é altamente relevante para a estabilidade e equilíbrio financeiro da empresa, gerar capacidade de reinvestimento e pagamento.
O EBITDA talvez tenha mais críticas que elogios, porque ele tem uma série enorme de limitações, mas o que atrai nesse indicador é que ele se tornou um índice universal. Com ele é possível comparar o desempenho de geração de caixa de uma empresa brasileira com uma européia. Porém, é preciso levar em consideração que uma empresa pode ter EBITDA positivo mas insuficiente para financiar a sua continuidade.
Resumindo, o Lucro Líquido é do acionista ou sócio, NOPAT é do acionista ou sócio e do credor e o EBITDA mostra quanto a empresa foi capaz de gerar de caixa.
O melhor indicador de rentabilidade
Em uma posição extrema, eu diria que é nenhum. Todos os indicadores têm fortes limitações e analizados isoladamente, não nos dizem absolutamente nada.
Por exemplo, um empreendedor pretende abrir uma nova empresa de calçados e percebe que a rentabilidade desse tipo de negócio é de 14%. Ao fazer uma pesquisa mais abrangente, ele identificou que, com o mesmo capital para fazer o investimento, ele teria os mesmos 14% de rentabilidade numa empresa de fastfood.
Esse é o problema das taxas de retorno, ou indicadores de rentabilidade. Eles nunca devem ser analisados isoladamente, devem vir sempre acompanhados do custo de oportunidade do capital investido, para saber se a empresa consegue remunerar o risco do investimento.
Se a empresa não remunera o risco do investimento ela não gera capacidade de continuidade do negócio. Não é o lucro contábil que gera capacidade de continuiade e sim o lucro econômico.
Neste sentido, o lucro econômico é o resultado, depois de descontados os custos e despesas das receitas, inclusive o custo de oportunidade do capital, o que o lucro contábil não considera.
Vale lembrar os erros comumente cometidos na hora de calcular o indicador de rentabilidade. Por exemplo, calcular o Retorno do Patrimônio Líquido (ROE) dividindo o Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido, ou seja, está dividindo o Lucro Líquido por ele mesmo uma vez que ele está dentro do Patrimônio Líquido. É preciso fazer alguns ajustes neste caso.
Também é preciso levar em conta que quando se divide o Lucro Líquido pelo capital investido, apurado segundo os critérios contábeis, esse não é o capital de fato investido. O critécio contábil é o valor apurado no exercício de liquidação da empresa, ou valor da marcação a mercado e não o capital efetivamente investido na empresa.
Usando o NOPAT, é preciso dividir pelo capital investido no ativo. O segundo erro é que normalmente se usa o Lucro Líquido divido pelo capital investido. Lembre-se de que o Lucro Líquido pertence ao acionista ou sócio do capital investido, uma parte é do acionista ou sócio e a outra parte é do credor. Neste caso está dividindo o Lucro Líquido pelas dívidas com financiamento bancário, o que é absolutamente errado.
Se você quiser usar algum indicador pra saber o desempenho, a atratividade da sua empresa ou de um negócio, não resta a menor sombra de dúvida que é o lucro econômico. É o goodwill da empresa, a geração de valor, de riquiza do negócio.
O objetivo de uma empresa, do ponto de vista econômico-financeiro, é maximizar a sua riqueza e não seus resultados contábeis.
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